No seu picadeiro fazendo as maiores trapalhadas e contando as mais engraçadas histórias para divertir a platéia, todos em pé aplaudindo o grande pequeno homem que com suas roupas coloridas e seu sapato enorme corria entre as crianças e adultos levando felicidades aos mais atentos olhares numa noite de primavera.
Na sua face somente o olhar pode ser visto, mas quem está sentado na última fila nem isso pode ver, seu disfarce é perfeito, mas o palhaço arranca da manga mais um espetáculo para que seus fãs delirem um poço mais, o carro de som anunciou durante toda a semana o show que não podia ser diferente, a cidade era só festa naquele dia, era o evento mais esperado na redondeza.
Gargalhadas para todos os lados, ninguém agüentava de tanta animação já estavam pensando no próximo dia porque todos queriam vê-lo novamente realmente era um “show man” algo inexplicável de tanta travessura num artista só, a vovó sentada no meio da multidão já não agüentava de tanta alegria vendo e ouvindo tudo aquilo.
Mas o show terminou e todos foram embora ainda contando a primeira piada da noite que para muitos foi a mais engraçada, quanta coisa tinham para contar para as pessoas do vilarejo que não puderam estar presentes naquela noite, mal esperavam para encontrar alguém e com algumas mímicas imitar o palhaço, estavam hilariantes de satisfação.
Na frente do espelho, após as cortinas se fecharem, no seu camarim o grande pequeno homem começa despir de suas armadilhas, pinturas sendo lavadas, cores se misturando e se despedindo num rumo sem volta aos poucos o rosto é visto somente por seu espelho que através de pouca luz, reluz toda a sua tristeza da solidão espalhada por marcas de lutas acima de suas sobrancelhas, a família ele nem tem mais, seus amigos o deixaram a vida lhe ensinou a solidão e o desprezo da miséria, a lágrima cai ao recordar o sorriso da criança que na idade lembrava seu filho que o deixou há anos atrás.
Após tanta alegria para a multidão que o assistia, ele se levanta de sua cadeira de palha manchada e veste seu traje com pequenos rasgos para tentar uma noite de sono, na prateleira uma coleção de seus remédios para acalmar toda a tristeza do solitário homem que na pureza de sua alma ainda leva a alegria e a felicidade momentânea para que sua alma sinta novamente o que um dia era só seu.
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